Jornalego
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ANO VII - N° 215, em 10 de abril de 2009. Conto quase Novela
EROS E AS MUSAS
Apresentação
A Ligúria italiana é uma região de sonhos. A paisagem marítima, o ar aprazível e a temperatura tépida de verão dão margem a que esses devaneios se materializem, especialmente os de cunho romântico e sensual. Como se sabe (ou não), a Ligúria é uma região que fica a noroeste da Itália, banhada pelo mar de mesmo nome, na fronteira com a França, onde a escultural perna italiana (do alto de seu salto alto) se liga ao tronco da Europa. Compreende várias províncias tendo Gênova como capital. Mas não é nesse caos urbano que o romantismo se insinua. Ele é inalável na Ligúria sopra il mare, com seu grande apelo turístico de belezas naturais, especialmente na famosa Cinque Terre, a cuidadosa locação deste conto. A Secretaria de Turismo da Ligúria, ou que verdadeiro nome tenha essa fictícia instituição no vernáculo italiano, promove anualmente vários eventos no sentido de incentivar o já intenso turismo nas suas províncias. Apresentações de música popular, cinema, canto lírico, teatro, ópera, orquestras sinfônicas e de outras manifestações artísticas. Para o ano que passou a escolha recaiu, pela primeira vez, sobre literatura, tendo como tema o mistério romântico do lugar. Dentro do universo literário o conto foi privilegiado, por ser considerado a forma mais concisa de contar histórias, quando comparado a novelas e romances. Foram convidados alguns nomes conhecidos na especialidade para passar duas semanas em Cinque Terre. Dois europeus, dois norte-americanos e dois latino-americanos, lídimos representantes do conto ocidental. Os ligures foram excluídos por serem suspeitos para decantar as belezas e o clima (não necessariamente o tempo) do lugar. Do Brasil compareceu o gaúcho Moacyr Scliar. Seus inúmeros compromissos fizeram-no esquecer-se de sua participação no evento, pelo que me pareceu quando assisti a uma entrevista que deu a Bia Corrêa do Lago, no Canal Futura, sobre o qual não se pronunciou. Não faz mal, os europeus é que são os nossos personagens nesta pequena história. Primeiramente, Juliana van der Kamp (lê-se Iuliana, o J soa como I, xará da ex-rainha), escritora, romancista e contista, poeta bissexta, vários livros editados e bem vendidos no seu país (Holanda), muito conhecida na Europa, especialmente na ocidental. Casada, com 35 anos de idade e uma filha de oito. Formação acadêmica em línguas e literatura neolatinas. O outro convidado europeu foi Marco del Prete, jornalista italiano, romano e radicado na Cidade Eterna, passou por vários órgãos da imprensa. Atualmente é articulista do Osservatore Romano, órgão oficial do Vaticano. Contista, com vários livros publicados, foi laureado com um prêmio do Conselho Episcopal do Vaticano. Tem quarenta anos, é casado há 13, tem dois filhos homens, e é formado em Comunicação Social. Marco é descendente de Carlo del Prete, aviador italiano que, em companhia do compatriota Arturo Ferrarin, fez um voo direto de seu país ao Nordeste brasileiro, em 1928, vindo a morrer em decorrência de um acidente aéreo na Baía de Guanabara, depois do sucesso da travessia atlântica. Destino!
Eros
Chegaram ao mesmo dia ao aeroporto de Gênova, com diferença de poucos minutos entre os voos, e, imediatamente, embarcaram em uma confortável van dos organizadores do evento para uma das Cinque Terre. Foi quando se conheceram, apresentados pelo funcionário competente que lhes deu as boas vindas em nome dos patrocinadores. Comunicaram-se inicialmente em italiano, mas também usaram o inglês para o papo informal ao longo dos dias que ficaram por ali. Simpatia e empatia mútuas surgiram entre os dois. A Secretaria lhes reservou uma belíssima casa, num elevado penhasco, devidamente preparada para receber hóspedes oficiais ilustres. Uma ampla e bem mobiliada sala de estar que dava por uma larga porta corrediça, envidraçada, com belas cortinas, para um varandão, um grande terraço, com piscina, sauna, chaises longues, como um deck marinho, de deslumbrante vista para a baía e as casas circunvizinhas. As suítes, muito bem decoradas e confortáveis, luxuosas ma non troppo, dispunham de excelentes camas de casal, amplos banheiros etc. Além de ter acesso à varanda também se comunicavam com o grande salão central. Complementando, havia uma imensa copa e cozinha, arejada e clara, munida de todos os apetrechos necessários, de última geração. A sala, a varanda e a copa/cozinha serviam para o uso comum; as suítes, a rigor, para uso particular. O trabalho de limpeza era feito todas as manhãs por uma senhora da região que lembrava a Signora Fellini, Giulietta Masina, pelo tipo miúdo, olhares espertos, belo rosto redondo, entre o gaiato e o alegre. Eficiente, ela aparecia cedo, antes de os hóspedes acordarem e saía quando eles já se refestelavam no varandão para gozar o sol mediterrâneo. A servente trazia o necessário para o desjejum que, a pedido dos escritores, era preparado por eles próprios. As refeições ficavam a cargo dos patrocinadores, seja para trazer-lhes alguma iguaria do lugar ou para transportá-los a alguma cantina, trattoria ou ristorante mais formal, a gosto dos convidados. Juntos ou isoladamente. Sempre preferiram a companhia um do outro. Desde a chegada, quando conheceram as acomodações que lhes foram oferecidas, concordaram em permanecer ali hospedados, desprezando a alternativa de um belo hotel no nível do mar, com privacidade total. Nesse caso, por mais conforto que tivessem, seriam quartos de hotel e não aquela exuberância de moradia. Concordaram em dividir a bela mansão, já que cada um deles ocuparia uma suíte, para o sono, para o descanso ou mesmo para o trabalho, o qual nada impedia que também pudesse se dar nos lugares comuns. Quanto aos lugares incomuns, passou pela cabeça de ambos a possibilidade de virem a ser usadas em outras atividades. Suas arejadas suítes também tinham todas as facilidades para o trabalho a que foram solicitados, inclusive notebooks de última geração, com toda a parafernália eletrônica para conexão com o mundo. Enfim, privacidade total e possibilidade de participação com o outro hóspede quando a solidão batesse. Logicamente, essa sinistra senhora, ou seu primo próximo, o tédio, iria, cedo ou tarde, se apresentar ao convívio deles, caso não tomassem alguma providência. Para tal a bela e acolhedora sala servia de ponto social para o encontro dos dois moradores. Para passeios, estava à disposição a van e o assessor que os foi buscar a Gênova, bastando-lhes simplesmente um toque de telefone. A partir daí, a vida diurna, vespertina e noturna, estava ao alcance das mãos e de todos os demais sentidos. Cinco ou seis, conforme o gênero dos participantes. Por falar em mãos, mãos à obra: alguém precisa trabalhar para justificar tremenda mordomia. Conscientes do que se esperava deles, iniciaram os seus afazeres, passando para a tela de seus maravilhosos equipamentos eletrônicos o que sentiam e imaginavam. E criavam, envoltos naquele clima romântico. Muita música italiana era ouvida nos aparelhos de som da sala.
Musa I
O lugar, a paisagem, o clima, a convivência com o colega, fizeram baixar à Terra a inspiração de uma das musas. Juliana, prenhe de idéias, materializou-as no visor de seu laptop. Dos dois escritores-personagens, ela era a mais circunspecta, uma batava afinal. A escrita foi sempre a sua válvula de escape. Com a literatura ela costumava dissolver o seu poderoso superego e mergulhar fundo em suas fantasias. A seguir, o esboço do que escreveu ao sabor das emanações poéticas do local e do momento que vivia. Para chegar à versão definitiva de sua peça, se chegasse, ela ainda teria de burilar muito o texto. Vamos a ele:
Quando saiu de Haia, naquele final de primavera, ainda fazia frio na descampada cidade exposta ao impiedoso vento do Mar do Norte. Ingrid, envolta em cachecóis e agasalhos, chegou à Itália com um glorioso sol mediterrâneo e uma temperatura condizente com as altas medições de verão. No aeroporto de Schiphol, na vizinha Amsterdam, ao embarcar, beijou seu marido e filha, prometendo se comunicar sempre e estar sempre disponível para contatos telefônicos ou via Internet. Fez votos de que a temporada italiana transcorresse lépida (embora fagueira) e prometeu voltar correndo transcorrido o período de desintoxicação do estresse de que estava possuída por sobrecarga de trabalho. Conheceu Fabrício no aeroporto de Gênova. Ele vinha de sua cidade natal, onde sempre residiu, Roma eterna. Mediu-o dos pés à cabeça: boa estatura (um metro e noventa aproximadamente, talvez menos), rosto másculo, romano, bem talhado, bem barbeado, cabelos rareando com têmporas a grisalhar. De boa compleição, um belo espécime do macho latino, conforme decantado em prosa e verso e cantado por turistas de diferentes origens e mesmo de diferentes sexos. Vestia paletó esporte azul marinho, calça jeans pouco desbotada na altura dos joelhos e camisa vermelha de minúsculas listras brancas, semelhante à toalha de tratoria, elegantemente aberta ao peito no primeiro botão, colocando à mostra um vigoroso tórax. O legítimo ‘uomo’ italiano. Compartilharam da mesma condução que os levou a Cinque Terre. Coincidentemente, também tinham a mesma pousada como destino. Quando soube que poderiam optar por residir na mesma hospedaria, Ingrid achou boa a ideia, belo pretexto para uma gratificante troca de opiniões literárias com um colega estrangeiro. Também um escritor, como ficou sabendo. No terceiro dia de convivência no lugar, incluindo saída aos restaurantes e lugares afrodisíacos, ao dirigir-se para a pérgula da piscina, no extenso ‘deck’ a que a sala de convivência dava acesso, com desenvoltura e descontração deixou-se acariciar pelo Sol num corpo quase todo à mostra em civilizado ‘topless’. Com a chegada do colega, enveredou por um papo onde se falava de amor, do romantismo, das delícias do lugar, e com isso ia envolvendo Fabrício, totalmente já envolvido por seus encantos e sensualidade. No bojo da conversa, prevalecia o assunto sobre sexo, amor, paixão... Ingrid era partidária da distinção entre esses três sentimentos. Uma coisa não interfere na outra, podendo acontecer independentemente. ‘Il y a du temps pour tout: pour le sex, pour l’amour et pour la passion”. Citava essa frase, assim mesmo, em francês, de sua lavra, parodiando outra mais notória que separava ‘le plaisir’ de ‘le travail’, como um mandamento a ser cumprido à risca sob pena de sacrilégio. Fabrício era mais romântico e cultuava as nuances do amor sentimental, sob o qual, só aí, o sexo atingiria a plenitude, segundo ele. O sexo a serviço do amor. A paixão, ambos consideravam, era o amor de porre. No entanto, Ingrid defendia o pileque enquanto durassem as libações amorosas. Esnobava a ressaca: “a gente toma uma aspirina”. Experiente e talentosa, Ingrid terminou, num único dia, o esboço do conto em que estava empenhada a captar a inspiração do lugar, ficando somente a burilá-lo, quando possível, nas intermitências do amor com o atual parceiro. Fabrício se deixou prender nas ardilosas teias do novo amor e rendeu-se aos cantos e encantos da sereia moderna. Perdeu-se no tempo, dando-se um tempo para não exercitar sua atividade literária, seu ganha-pão, enquanto envolvido nas malhas do amor. ‘Il y a du temps por tout: pour le plaisir et pour le travail.’ Lembrou a frase citada pela parceira. O trabalho ficaria para as calendas gregas, quando da volta à sua cidade. No retorno, Fabrício continuou com sua vida de escritor e jornalista, a escrever um conto de amor, necessariamente inspirado pela curta passagem por Cinque Terre, recordando, por certo, as férias italianas e a loura Ingrid. Reencontra mulher e filho, retoma o exercício da literatura e a sua vida conjugal sem problemas. Totalmente revigorado. Ingrid, em seu retorno à Holanda, tem uma crise profunda no seu relacionamento conjugal. A sua decantada tese de separação entre amor, paixão e sexo se desmanchou no ar. Ela não mais reconhece os limites tão definidos que, até então, separavam, em sua tese, tais sentimentos e emoções, que julgava estanques. Ingrid lembrou-se de uma cena que vira, pela primeira vez na vida, numa ladeira de Cinque Terre e que também só fora entender na volta para casa, quando lhe explicaram o fenômeno. Dois cães ‘xifópagos’! Uma parelha deles literalmente ligados um ao outro, enquanto intumescidas as reminiscências do prazer recente. Passava os dias com uma sensação desagradável de enjoo.
Musa II
Marco era mais expansivo, italiano, sangue quente latino. A seguir o esboço do seu texto que, a exemplo do da Juliana, ainda não fora terminado. Tinha planos de mandar a versão final dele quando retornasse a Roma. Ei-lo:
Desde que a viu, Ralph ficou tocado pela beleza, pela suavidade de traços e pela sensualidade que emanava de sua imagem, em vestido longo, esporte, de alcinhas, a segurar seios livres e soltos em colo sublime. Luciena foi sua vizinha numa casa à beira-mar, em Cinque Terre, na Ligúria, quando, em crise matrimonial, ele ali aportou para passar alguns dias. Quem sabe, não refletiria melhor, longe da esposa, com quem partilhava a vida por sete anos e uma linda menina de cinco. Os americanos citam muito a Coceira dos Sete Anos (The Seven Year Itch) no casamento. Lembrava-se do famoso filme de Billy Wilder, com Marilyn Monroe (O Pecado Mora ao Lado) e da famosa cena, a do vestido leve e branco, rodado e pregueado, alevantado pelo vento do exaustor do metrô ou de uma casa de máquinas subterrânea. Um presente aos circundantes com a visão estonteante daquela calcinha branca, muito mais sexy do que as tangas e os ‘cache-sex’ de hoje em dia. Por causa, seguramente, do conteúdo e não do continente. Nos seus tempos de garoto parava dissimulado perto desses exaustores para apreciar as coxas da mulherada. As de Marilyn nunca foram igualadas e jamais abandonaram suas saudosas retinas. Quando a viu, naquele primeiro parágrafo, ’una donna veramente romana’, teve seu pensamento mais uma vez invadido pela imagem da La Monroe, dos seus mais deliciosos sonhos de adolescente. Que mulher! Que mulheres! As duas: Marylin e Luciena, loiríssimas, lindíssimas e sensualíssimas. Tinha chegado havia dois dias, vindo de Boston, aproveitando uma viagem de negócios a Roma. Estava no propósito de passar duas semanas na Ligúria. Hospedaram-se na mesma pousada e se encontravam frequentemente no café da manhã e no terraço ao ar livre, à beira da piscina, quando não nos passeios de barco pela região. Foi ‘al mare’ que ‘pintou um clima’. A ‘bella donna’ italiana investia com desenvoltura e objetividade sobre a cidadela americana. Ele nunca tinha usufruído de um contato tão íntimo com mulher tão deslumbrante. Intimidou-se. Fez-se de desentendido. Sua cabeça passou a especular sobre as consequências de tal envolvimento no relacionamento familiar que, até então, embora cambaleante, ainda prevalecia em sua casa. As sensações deflagradas pela bela Luciena fizeram renascer a afetividade para com sua companheira e, num exercício de autoflagelação, deixou intempestivamente, sem despedidas, a pousada encantada, retornando ao seu país ansioso para rever mulher e filha. Fez promessas de nunca voltar a se expor nesse ar misterioso e libidinoso da Ligúria, embora pensasse na necessidade de aeração das relações matrimoniais com esse tipo de contato que vivenciou e pelo qual quase sucumbiu. Na maturidade, o amor nem sempre é mais forte do que a paz, refletia Ralph, meio-dividido e autoindulgente.
Eros
Retornemos aos nossos personagens de primeiro plano. Juliana e Marco, desde o momento da apresentação, no aeroporto de Gênova, trocaram um rápido aperto de mãos e olhares afetuosos. Um ar de simpatia mútua perpassou como uma brisa, ou como flecha, por entre os dois, como já foi dito. Colocados no banco traseiro da van, desde aí rolou uma conversa interessante que durante duas semanas teve poucos momentos de pausa. O assunto versou primeiramente sobre a Itália e seu fascínio histórico e turístico. Estavam ansiosos para conhecer Cinque Terre. Nem Marco, italiano de velha cepa, jamais tinha estado por aquelas bandas. Há quanto tempo sonhava com uma escapada desse tipo, agora proporcionada pelo evento a que os dois compareciam. Na casa, privilegiavam os encontros no café da manhã, na pérgula da piscina e nos passeios à beira-mar, nas idas a restaurantes, casas noturnas, sempre preterindo as atividades literárias. Juliana era mais operante no seu trabalho. Acordava cedo e, geralmente, só saía da sua suíte mais tarde, enquanto Marco ansiava por sua presença, com a mesa do café já pronta para servi-la. Trocava ideias com a criada e ficava a folhear jornais, uma vez que a devida atenção para as notícias e artigos de fundo estava desviada para outras direções e propósitos. Isso, até o meio da primeira semana. A partir daí, a criada não mais encontrava o signore que também continuava recolhido na parte da casa destinada aos dormitórios. Ato contínuo ao desjejum, iam para o deck se deliciar com o sol mediterrâneo e a paisagem envolvente. A conversa invariavelmente descambava para os mistérios do amor, suas formas, artimanhas, resultados e a tentativa de entender as ligações entre o amor, o sexo e a paixão. Por decorrência: a família e a fidelidade conjugal. Juliana era econômica na argumentação e prenhe nas idéias. A literatura era o campo onde ela se soltava dando vazão às suas fantasias. Marco era prolixo e gestual, como todo italiano que se preza, principalmente abordando tais assuntos. Continha-se mais em sua literatura, sem muita exposição pessoal, talvez por causa de escrúpulos relacionados com as suas condições familiares e profissionais.
Epílogo
Nenhum dos dois escritores chegou às versões finais do conto encomendado. Cada um por si, após o início dos trabalhos, concluiu que era incompatível escrever com independência uma peça literária, sob os auspícios de um patrocinador que, digamos assim, lhes “impusera” um tema que só poderia ser desenvolvido numa única direção: louvar a beleza da região e os sentimentos românticos daí decorrentes, bem como despertar agradáveis sensações. O amor não permite essa rigidez de propósitos. Nem a literatura honesta. Quando uma situação amorosa acontece, tudo, em decorrência, pode acontecer. Seja na ficção, seja na realidade. Talvez tenha sido o que aconteceu. Quem sabe também isso tivesse ocorrido com o Scliar, como escritor escrupuloso que é. O evento foi um tremendo fracasso! A desistência de chegar a um bom termo nos seus escritos poderá também ser produto da exacerbada autocrítica, tão comum nos literatos ou, no caso, ter servido de pretexto para privilegiarem as delícias de tamanha oportunidade com muito plaisir e pouco travail. No início deste ano, cruzaram-se na Feira Internacional de Livros da cidade holandesa de Maastricht. Estavam acompanhados de seus respectivos cônjuges (companheiros é melhor), ao rondarem pelos estandes das editoras. Avistaram-se através das prateleiras coalhadas de livros, trocaram olhares oblíquos, faiscantes, saudosos e cúmplices. Só.
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Ideia original e locação: Zeca Encarnação.
Genserico Encarnação Júnior, 69. Itapoã, Vila Velha (ES)
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