JORNALEGO
ANO VII - N° 208, em 10 de janeiro de 2009.
Poesia
DOS POEMAS
IMPUBLICÁVEIS
Surge a
necessidade
De soltar
sentimentos,
Ideias,
pensamentos,
Que não podem ser
contidos.
São tais que só
saem
Sob o feitio de
poema,
A expressão mais
própria
Do que se tem p’ra
exprimir.
Ora uma dor ou
pesar,
Que me apresso a
versejar,
E escrevo
sangrando
Té derradeiro
verso.
Ora uma ideia,
Controversa,
heterodoxa,
Além do que é
aceito,
Do convencional
saber.
Ora sacrílega
opinião
Cometida sobre
crendice,
Misticismo,
superstição,
Que a razão jamais
aceita.
Calo-me na
publicação,
Na divulgação do
que creio,
Solto o grito,
escarro e cuspo
Versos em
higiênico papel.
Nada pornográfico,
Tampouco
obscenidade.
Atento à
alteridade
Que nem sempre se
me respeita.
Porque o que ouso
sentir
Pode firmes
convicções ferir,
Amores próprios,
suscetibilidades,
Provocando
animosidades.
Inertes na
eletrônica memória,
Ou em vadias
laudas, inermes,
Só assim fica em
paz
Meu metafórico imo
peito.
Dos poemas
impublicáveis
“Nem às paredes
confesso”,
São divã, minha
droga,
Meu vinho e,
alfim, minh’oração.