JORNALEGO
ANO VI - Nº. 166, em 30 de
julho de 2007
Crônica
HUMANA HUMILDADE
Segundo a teoria do Big Bang, o Universo foi criado há 14
bilhões de anos, quando aquele fenômeno se deu. Se tal período pudesse ser
compactado em 24 horas, o homem teria aparecido no último minuto desse
hipotético dia; depois das
23h59min. Segundo dizem, a
Terra é mais nova que o Universo; teria sido criada há cinco bilhões de anos.
Nessa perspectiva de tempo, a vida humana se deu quando faltavam menos de dois
minutos para o término do dia. Isso teria ocorrido quando a espécie
humana se “descolou” da evolução dos primatas, seis milhões de anos atrás.
Outra comparação poderia ser estabelecida se esses últimos
seis milhões de anos correspondessem a uma distância de
60 metros. As bases da civilização humana, conforme a conhecemos hoje, foram
estabelecidas há, aproximadamente, seis mil anos. Esse período corresponderia a
somente seis centímetros do final daquela distância. A relação seria 0,06m/60m.
Portanto, sob a ótica antropológica, tudo aconteceu muito
recentemente. Como se
sabe, o nosso planeta é mínimo em relação às dimensões do Universo, do nosso
Sistema Solar e mesmo em relação a outros corpos celestes de nossa galáxia.
Ainda não se sabe se o fenômeno da vida existe ou existiu em
outros planetas. Ele pode ter acontecido somente por aqui, dadas às
particularíssimas condições propícias à sua existência. Ela, a vida, pode ser a
exceção e não a regra do Universo, um acidente, uma “doença” epidérmica do
planeta, não tendo essa importância que nós, os viventes, damos a ela, no
contexto cósmico.
Aqui na Terra, o gênero humano habita somente 1/4 de sua
superfície. O resto é água por onde nós transitamos entre os blocos de terra. A
vida, em geral, se espalha por todo o globo, mas os humanos estão ilhados.
Conhecemos muito pouco das profundezas oceânicas. Por outro lado, se subirmos
além de seis mil metros acima do nível do mar, só podemos permanecer em tais
altitudes com aparelhos respiratórios ou cabines pressurizadas.
Somos e estamos muito limitados no tempo e no espaço.
Observando esses limites, deveríamos ser tomados de uma
imensa sensação de humildade. Principalmente quando tomamos consciência de que
os argumentos aqui expostos dizem respeito à humanidade como um todo e não a
existência individual. Isso nos leva a ser mais humildes.
Somos arrivistas de última hora no Universo e em nosso
planeta, marinheiros de primeira viagem. Chegamos no nosso habitat depois
dos vegetais e da maioria dos animais: peixes, anfíbios, dinossauros, insetos,
répteis, aves, mamíferos e nossos avozinhos primatas.
Resta-nos contemplar o mistério, encantar-nos com essa coisa
toda e assumir a necessária humildade para bem gozarmos este átimo delicioso de
vida. Sem muito idealismo antropocêntrico e outras invencionices bobas que
tentam explicar o inexplicável.