ANO X - N°
300, em 30 de abril de 2012.
Edição
Comemorativa
JORNALEGO DEZ ANOS
Com este número o Jornalego
completa 10 anos de existência.
Aproveito esta data
festiva para fazer alguns registros e agradecimentos àqueles que
considero corresponsáveis por alcançar esta marca.
Inicialmente, a
inspiração de escrever uma matéria periódica teve como exemplo a
carta quinzenal de conjuntura Estratégia Macroeconômica do
professor, colega economista, amigo e compadre Jorge Vianna
Monteiro, que mantém sua publicação por 20 anos sem interrupção.
Concorreu também para a
iniciativa a minha chegada à aposentadoria.
Comecei escrevendo uma
carta temática – Economia e Energia (EeE) –, que era
endereçada, via Correios, a um grupo de amigos, colegas e conhecidos
em geral. Cobria também todos os parlamentares do Congresso Nacional
e da Assembleia Legislativa do Espírito Santo. Morando em Brasília,
levava as cartas envelopadas numa grande sacola, e deixava-as nos
protocolos da Câmara e do Senado. Quando achei que tinha coberto
todos os temas que desejava comentar, entrei em recesso.
Foi então que um amigo e
colega, o físico Carlos Feu Alvim, sugeriu assumir a direção da
Carta que, doravante, utilizaria a Internet, com periodicidade
bimestral. Era o nome que ele precisava para levar à frente os seus
propósitos. Como a nova Carta passaria a ser bilíngue (português e
inglês), o antigo nome perdeu a conjunção “e” transformando-se em
Economia & Energia para permitir a versão Economy & Energy.
Agora também circula em edição impressa. O Feu, como o chamo,
transformou o E&E numa figura jurídica que depois virou ONG e agora
é uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público).
Hoje a E&E é hospedeira do Jornalego. Foi o presente que ele me deu,
acoplando, de surpresa, os meus nascentes escritos ao site de sua
publicação, aí residindo até hoje. Agradeço a ele e ao seu filho
Marcos, que muito me ajudaram no início do site.
Com o continuado
desfrute da aposentadoria resolvi me enveredar por outros caminhos,
escrever textos não técnicos, alguns com pretensões literárias,
cometendo até alguns poemas. Continuei, ao criar o Jornalego, com a
mesma orientação que adotara quando escrevia o EeE, isto é, a de
tentar levantar o véu que encobre certos assuntos, na minha
linguagem: tentando descodificar certos temas, ter um olhar
alternativo dos assuntos tratados, diferentemente do censo comum ou
opinião pública, esta muito mais para opinião publicada pela grande
imprensa nacional.
Desde o EeE eu me julgo um escritor
livre, nada me cerceia, nenhuma organização, filiação, nem sequer os
limites de tempo, periodicidade e espaço impostos na mídia. A
Internet vem me permitindo continuar com essa liberdade que chega às
raias de não pensar em editar nenhum livro, para não ficar
dependente dos aspectos comerciais. A publicação de alguns dos meus
textos em blogs de terceiros, me fez chegar aos píncaros da
liberdade, já que meus escritos estão liberados para serem
publicados por quem quiser. Basta reproduzir o texto integralmente,
citar o nome do autor e, se as diretrizes editoriais permitirem,
informar o endereço do meu site.
A aludida descodificação
é o que venho tentando fazer no meu processo de amadurecimento na
vida, desfazendo-me de supérfluos parâmetros moralistas, religiosos,
políticos, partidários, ideológicos, clubísticos, passionais,
corporativos, enfim, de todas as cargas que nos são impostas (ou nos
impomos) no correr da vida, desde a mais tenra idade. Esse é o
motivo principal que me leva a escrever e mostrar o que escrevo.
Amadurecer é um
exercício de desaprender e reaprender. Lembro-me vivamente da fala
de uma personagem, numa peça teatral de Naum Alves de Souza, No
Natal a Gente Vem de Buscar, possivelmente na década de 80, que,
frustrada com sua vida comentava: “Onde errei? Se o que sempre fiz
foi seguir o que me ensinaram”. A personagem era vivida pela atriz
Marieta Severo. Como me lembro!
Além daqueles amigos
devo citar e agradecer ao escritor José Augusto Carvalho, eminente
professor de Português, mestre em Linguistica e Doutor em Letras
que, com todo esse cabedal, pacientemente, vem acolhendo e
aconselhando modificações nos meus recentes trabalhos, me orientando
a escrever corretamente no nosso belo idioma português. Quando emito
opiniões, tenho quase certeza de que ele não comunga com algumas
ideias; contudo, elegantemente, ele não interfere no conteúdo dos
meus textos, nem sequer comenta. Uma postura elogiável e digna de um
professor.
Agradeço também à
constante e marcante presença do amigo e ex-colega da Petrobras,
Roldão Simas Filho, como leitor incansável e, por vezes, crítico
sagaz e mordaz. Numa brincadeira conjunta, ele me chama de Mestre e
eu revido, chamando-o de Magister (nome do condomínio onde
ele reside em Brasília).
Finalmente, agradeço à
leitora que me lê em primeira mão, criticando ou elogiando os vários
números, na verdade, autorizando (nem sempre sem discussão) o
“publique-se”. Portanto, também cúmplice nesta empreitada: Mariana,
minha companheira de mais de 50 anos, 2 filhos e 4 netos.
Falta-me agora agradecer
aos meus leitores em geral, com cuja honrosa companhia espero
continuar contando. O lado oculto do Jornalego são os meus leitores
que eu tento adivinhar de que forma leem o que escrevo. Não que eu
escreva para agradar-lhes. Na maioria das vezes escrevo para
provocá-los. Acompanho o número de visitantes em cada texto no site
pelo registro que aparece ao final deles. Só um pequeno número me dá
algum retorno. Leio, por vezes, várias vezes um número publicado,
pensando num determinado leitor ou leitora. Dessa maneira leio como
se fosse ele ou ela, para imaginar como teria sido a recepção.
A eles dedico o acervo
de textos do Jornalego ao longo desses 10 anos, disponíveis no site,
ao alcance de um clique, desde o primeiro número.
Um acontecimento
inesperado, durante esse período inicial do Jornalego, foi a
descoberta de um mineirinho safado que divulgava na Internet textos
selecionados do que eu publicava, sem ao menos apagar o título de
meu site, como se fosse de sua lavra. O inocente contraventor não
contava com a sagacidade do tio Google. Descoberto, dei-lhe uma
descompostura e ele, acredito, tirou seu time de campo.
Coincidentemente (feliz
coincidência!), este número do Jornalego chega à marca redonda das
300 edições. Uma conquista e um desafio: marca a ser ultrapassada.
Longa vida para o
Jornalego! Essa é uma malandragem do autor para também alongar ao
máximo a sua vida, com algum vigor e toda lucidez possível (o que
não necessariamente quer dizer que suas opiniões devam ser
consideradas corretas).