Economia & Energia
Ano XIII-No 75
Outubro/Dezembro de 2009
ISSN 1518-2932

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Resumo comentado do boletim do MCT de 30/11/2009

Inventário brasileiro das emissões de gases de efeito estufa – Valores preliminares

Frida Eidelman
 
frida@ecen.com
Olga Mafra
olga@ecen.com
Carlos Feu Alvim
feu@ecen.com

 

1 - Introdução

O Ministério da Ciência e Tecnologia publicou em 30 de outubro um boletim com informações gerais e valores preliminares relativos ao Inventário brasileiro das emissões de gases do efeito estufa (1). O Inventário está disponível em http://www.mct.gov.br/upd_blob/0207/207624.pdf  A Revista Economia e Energia colocou este boletim em seu site  à disposição de seus leitores em   http://ecen.com/eee75/eee75p/inventario_emissoes_brasil.pdf

Os valores do Inventário são o resultado de estudos realizados por cerca de 700 especialistas e 150 entidades governamentais e não governamentais e entidades setoriais da indústria.  O Inventário é parte da Segunda Comunicação à Convenção do Clima que deverá ser submetida até 31 de março de 2011 e tem 2000 como ano base.

Apresenta-se a seguir um resumo das informações publicadas no boletim e algumas considerações sobre as emissões comparadas com o mundo e a relação com o crescimento do PIB.

2 – Emissões dos Gases do Efeito Estufa (GEE)

Os GEE que fazem parte do Inventário e que foram apresentados no boletim são o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O). Os gases clorofluor carbonos (CFC) e os perfluorcarbonos (PFC) e o hexafluoreto de enxofre (SF6), também são estimados no presente Inventário.

Os dados do Inventário são apresentados para os anos de 1990 e 1994 (anos extremos do Inventário anterior), para o ano 2000 (último ano previsto para o segundo inventário que seria de 1990 a 2000) e para o ano de 2005 (último ano para o qual se dispõe dos dados completos).

O Inventário segue as diretrizes sugeridas pelo IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima, que organiza as emissões de acordo com setores da economia. Estes setores estão listados no Anexo 1, conforme constam do boletim do MCT.

3 – Emissões e Remoções de GEE por gás comparadas em CO2 equivalente

Os GEE podem ser contabilizados pela massa de cada um deles que é lançada na atmosfera a cada ano. Para se ter uma idéia global das emissões, é útil expressá-las em valores equivalentes a CO2, que é o gás de efeito estufa mais importante para o aquecimento global. Também são contabilizadas algumas remoções de CO2.

 São apresentadas a seguir as emissões de GEE por CO2 equivalente que se baseia no GWP (Global Warming Potential), que é uma escala relativa que compara o gás em questão para a mesma massa de CO2 (que por definição é igual a 1) e que não foi adotada pelo Brasil no seu primeiro Inventário. Na equivalência GWP, o horizonte de tempo de 100 anos para comparar os gases é o comumente usado. A Tabela 3.1 apresenta as emissões de GEE em CO2 equivalente para anos selecionados. A Tabela 3.1 mostra as emissões por gás em CO2 eq e, na primeira coluna, os fatores de equivalência utilizados.

Tabela 3.1 - Emissões e remoções de GEE em CO2eq

GEE

Fator GWP

1990

1994

2000

2005

Variação 1990/ 2005

Part. 1990

Part. 2005

 

 

Gg CO2 eq/ano

%

CO2

1

931746

1012496

1525767

1574562

69,0

68,6

71,7

CH4

21

269640

290997

332115

391944

45,4

19,9

17,8

N2O

310

152396

171864

186496

225804

48,2

11,2

10,3

HFC23

11.700

1404

1837

0

0

-100

0,1

0,0

HFC134

1.300

0

163

633

3290

 

0,0

0,1

CF4

6.500

1931

2009

1092

670

-65,3

0,1

0,03

C2F6

9.200

239

248

120

74

-69,2

0,0

0,00

SF6

23.900

406

406

430

526

29,4

0,0

0,02

TOTAL

-

1357762

1480020

2046653

2196869

62

100

100

Fonte: MCT (1)

A Figura 3.1 mostra as emissões por gás de efeito estufa para os anos escolhidos mostrando o crescimento ao longo do tempo e a predominância do CO2, seguido do CH4 e N2O. Os outros gases têm pouca importância no inventário. Entre 1994 e 2005 houve um crescimento de 48%, que corresponde a um crescimento anual de 3,7%. Entre 1990 e 2005, o crescimento total das emissões de GEE foi de 62% e o valor anual de 3,3% ao ano.

Figura 3.1: Emissões de GEE por Gás em CO2eq.

                      Fonte: MCT (1)

A Figura 3.2 compara a importância relativa dos GEE mostrando que a participação do CO2 cresceu de 69% para 72% com decréscimo na participação de metano (20% para 18%) e de N2O (11 para 10%). A participação dos outros gases é muito reduzida (0,2%).

Figura 3.2: Percentual de emissões em 1990 e 2005 mostrando o aumento da importância relativa das emissões de CO2.

  Fonte: MCT (1)

 A Figura 3.3 permite comparar a contribuição dos diferentes GEE nas emissões mundiais com as do Brasil na Figura anterior. As participações de metano e óxido nitroso são maiores no Brasil pelo papel de maior importância relativa da agropecuária.

Figura 3.3: Percentual das emissões em mundiais em CO2eq no ano de 2004. Fonte: Comissariat general au développement durable – CGDD – França (2)

4 – Emissões e Remoções de GEE por Setor

As emissões dos gases de efeito estufa são apresentadas a seguir para os principais setores em massa de cada gás, sendo o total também expresso em equivalente a CO2. Mais detalhes das emissões por setor, incluindo emissões em algumas atividades, podem ser encontrados no Anexo 2, em massa de CO2 equivalente.

4.1 - Emissões de gás carbônico

A Tabela 4.1 apresenta as emissões de CO2 por setor.

Tabela 4.1 - Emissões e remoções de CO2 por setor

Setor

1990

1994

2000

2005

Variação 1990/ 2005

Part. 1990

Part.
2005

 

Gg /ano

%

Energia

203217

245672

316451

346990

71

21,8

22,0

Processos Industriais

19456

19038

26235

25438

31

2,1

1,6

Mudança no Uso da Terra e Florestas

709073

747785

1183081

1202134

70

76,1

76,3

TOTAL

931746

1012495

1525767

1574562

70

100

100

Fonte: MCT (1)

A maior contribuição das emissões de CO2 é devida ao setor Mudanças no Uso da Terra e Florestas e é seguida muito abaixo pela energia. Note-se que na abordagem do inventário energia significa o tipo de uso. Ou seja, as emissões devidas ao uso energético na indústria e na agricultura são computadas no setor energia. Por essa razão não aparecem emissões de CO2 na agropecuária, onde serão computadas apenas as emissões devidas a outros usos que não o energético. No caso da agropecuária, essas emissões são majoritariamente devidas ao metano (CH4) e ao óxido nitroso (N2O).

4.2 - Emissões de metano

A Tabela 4.2 apresenta as emissões de CH4 por setor para os anos selecionados.

Tabela 4.2 - Emissões e remoções de CH4 por setor

Setor

1990

1994

2000

2005

Variação 1990/ 2005

Part.
1990

Part. 2005

 

Gg/ano

%

Energia

425

379

416

546

28

3,3

2,9

Processos Industriais

3

3

4

4

59

0

0

Agropecuária

9651

10337

10894

13158

36

75,2

70,5

Mudança no Uso da Terra e Florestas

1615

1805

2762

2843

76

12,6

15,2

Tratamento de Resíduos

1146

1333

1739

2113

84

8,9

11,3

Total CH4

12840

13857

15815

18664

283

100

99,9

TOTAL em CO2eq (x21)

269640

290997

332115

391944

45

100

100

Fonte: MCT (1)

As emissões de metano são devidas principalmente ao setor Agropecuário. Note-se que na Tabela 4.2 também foi indicado o total expresso em CO2eq obtido multiplicando-se a massa de metano pelo fator 21, conforme indicado.

4.3 Emissões de óxido nitroso

A Tabela 4.3 apresenta as emissões de N2O por setor.

Tabela 4.3 - Emissões e remoções de N2O por setor

Setor

1990

1994

2000

2005

Variação 1990/
2005

Part.
1990

Part.
2005

 

Gg/ano

%

Energia

8,9

8,9

9,4

11,5

29

1,8

1,6

Processos Industriais

10,3

16,2

19,6

22,6

120

2,1

3,1

Agropecuaria

449,7

504,6

540

660,1

47

91,5

90,6

Mudança no Uso da Terra e Florestas

11,1

12,4

19

19,5

76

2,3

2,7

Tratamento de Resíduos

11,6

12,3

13,6

14,7

27

2,4

2

Total N2O

491,6

554,4

601,6

728,4

48

100

100

TOTAL em CO2 eq (x310)

152396

171864

186496

225804

48

100

100

Fonte: MCT (1)

O Setor Agropecuário é o maior contribuinte das emissões de N2O. Também é indicado na Tabela 4.3

4.4 Emissões de HFC – 23, HFC – 134, CF4, C2F6 e SF6

As Tabelas 4.4a e 4.4b apresentam as emissões de hidrofluorcarbonos e perfluorcarbonos por setor em unidade de massa e em massa equivalente de CO2

Tabela 4.4a - Emissões de HFC-23, HFC-134, CF4, C2F6 e SF6 em t (Processos Industriais)

Gás

1990

1994

2000

2005

Variação 1990/2005

 

t/ano

%

HFC - 23

120

157

-

-

-100

HFC - 134

-

125

487

2531

-

CF4

297

309

168

103

-65

C2F6

26

27

13

8

-69

SF6

17

17

18

22

26

           

         Fonte: MCT (1)

Tabela 4.4b - Emissões de HFC-23, HFC-134, CF4, C2F6 e SF6 em mil t (ou Gg) de CO2 eq  (Processos Industriais)

Gás

1990

1994

2000

2005

Variação 1990/2005

Part.1990

Part. 2005

 

Gg CO2eq/ano

%

HFC - 23 (x 11.700)

1404

1837

-

 

-100

35

 

HFC - 134 (x 1.300)

-

163

633

3290

 

 

72

CF4 (x 6.500)

1931

2009

1092

670

-65

49

15

C2F6 (x9.200)

239

248

120

74

-69

6

2

SF6 (x 23.900)

406

406

430

526

29

10

12

TOTAL em CO2 eq

3980

4663

2275

4559

15

100

100

Nota: Os valores desta tabela foram obtidos multiplicando-se os valores da tabela anterior pelos fatores indicados na primeira coluna e os dividindo por mil, levando em conta a unidade usada nesta tabela

O consumo em equipamentos de refrigeração e a produção de alumínio são os principais processos industriais que contribuem para as emissões apresentadas nas Tabelas 4.4a. e 4.4b.

4.5 Emissões em CO2 equivalente

Um resumo das emissões por setor em equivalente a CO2 é mostrado na Tabela 4.5

Tabela 4.5 - Emissões e remoções antrópicas de gases de efeito estufa (Resumo)

 

1990

1994

2000

2005

Varia-ção 1990/ 2005

Part. 1990

Part. 2005

 

Gg CO2 eq/ano

%

Energia

214922

256389

328089

362032

68

15,8

16,5

 Processos Industriais

26686

28776

34657

37097

39

2,0

1,7

Agricultura

342073

373491

396171

480945

41

25,2

21,9

Mudançano Uso da Terra e Florestas

746429

789534

1246968

1267889

70

55,0

57,7

Tratamento de Resíduos

27661

31804

40720

48945

77

2,0

2,2

TOTAL

1357770

1479994

2046605

2196908

62

100

100

Emissões relativas a 1990

100

109

151

162

62

   

PIB relativo a 1990

100

111

128

147

47

   

Fonte: MCT (1), IBGE (3)

Na Tabela 4.5 pode-se observar ainda a variação ao longo do período 1990 a 2005. As variações percentuais acumuladas mostram que as emissões cresceram a uma taxa maior que o PIB para energia (68%), desmatamento (70%) e resíduos (77%). O crescimento do PIB (de 47%) foi um pouco maior do que o da agricultura (42%) e dos processos industriais (39%).

A evolução dos valores das emissões nos quatro anos selecionados para a apresentação do inventário é mostrada na Figura 4.1

Evolução das Emissões em CO2 equivalente

Figura 4.1: Evolução das emissões de GEE em CO2eq para os anos selecionados por setor

A Tabela 4.6 mostra os valores das emissões relativas a 1990 para cada setor e ano e as taxas de crescimento anuais entre os anos escolhidos e para todo o período (última coluna).  Pode-se observar que para o período 2000/2005, os setores que apresentavam crescimento bastante superior ao do PIB (energia e desmatamento) apresentam menores crescimentos. No caso da energia, o maior preço do petróleo contribuiu para reativar o uso de combustíveis renováveis e houve uma redução das emissões por desmatamento, talvez pela maior repressão à atividade ilegal.

Tabela 4.6 - Emissões e PIB: Valores relativos a 1990 e taxas de crescimento anual

Setor

1990

1994

2000

2005

1990/
1994

1994/
2000

2000/
2005

1990/
2005

 

Valor relativo a 1990

Taxa anual %

Energia

100

119

153

168

4,5%

4,2%

2,0%

3,5%

 Processos
Industriais

100

108

130

139

1,9%

3,1%

1,4%

2,2%

Agricultura

100

109

116

141

2,2%

1,0%

4,0%

2,3%

Mudança no
Uso da Terra e
Florestas

100

106

167

170

1,4%

7,9%

0,3%

3,6%

Tratamento de
Resíduos

100

115

147

177

3,6%

4,2%

3,7%

3,9%

TOTAL

100

109

151

162

2,2%

5,6%

1,4%

3,3%

PIB

100

111

128

147

2,6%

2,4%

2,8%

2,6%

 A Figura 4.2 apresenta as participações das emissões dos GEE por setor nos anos escolhidos entre 1990 e 2005. Pode-se observar que não houve nenhuma variação drástica na participação dos setores. No ano 2000, a participação da agricultura se reduziu de maneira mais significativa, mas isto se deveu principalmente ao grande aumento da participação do desmatamento.

Participação dos Setores nas
 Emissões em CO2eq

Figura 4.2: Participação percentual das emissões dos GEE por setor em anos selecionados entre 1990 e 2005

As emissões brasileiras estão anormalmente relacionadas ao desflorestamento e a agricultura, como pode ser observado na Figura 4.3, enquanto mundialmente elas se concentram no uso da energia. Esta diferença é ainda mais marcante em relação aos países desenvolvidos.

Participação dos Setores nas Emissões
em CO2eq no Brasil e no Mundo

Figura 4.3: Comparação das emissões no Brasil no ano de 2005 com as emissões mundiais em 2004.

       Fontes: Inventário e Comissariat general au développement durable – CGDD - França (3)

5 - Conclusões

O Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa em sua edição preliminar apresenta dados da maior relevância para a área ambiental, mas com relacionamentos importantes com o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

 

O perfil das emissões brasileiras de gases de efeito estufa (GEE) é muito especial e as questões do desflorestamento e da Agropecuário (principalmente a pecuária) têm importância inusitada nas emissões mundiais. Isto se deve ao fato do Brasil ter a maior reserva de floresta tropical mundial, à importância da agropecuária e ao perfil energético extraordinariamente limpo do Brasil.

6 - Referências Bibliográficas

1)    MCT, 2009; Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa. Informações Gerais e Valores Preliminares, Brasília, 24 de novembro de 2009

2)    Commissariat general au développement durable, France, 2009, CO2 and Energy – France and Worldwide – Highlights – 2009 Edition

3)    IBGE dados em http://www.ipeadata.gov.br acessado em dezembro de 2009

Anexo 1: Setores Inventariados -
Transcrição parcial do boletim do Inventário MCT

O Inventário está organizado segundo a estrutura sugerida pelo IPCC. O presente informe cobre as emissões dos seguintes setores:

 A1.1 SETOR ENERGIA

São estimadas nesse setor todas as emissões antrópicas devidas à produção, à transformação e ao consumo de energia. Inclui tanto as emissões resultantes da queima de combustíveis quanto as emissões resultantes de fugas na cadeia de produção, transformação, distribuição e consumo de energia.

 A1.1.1 Queima de combustíveis

Nesse setor estão incluídas as emissões de CO2 por oxidação do carbono contido nos combustíveis durante a sua queima, seja para geração de outras formas de energia, como eletricidade, seja no consumo final. São contabilizadas também as emissões de outros gases de efeito estufa durante o processo de combustão (CH4, N2O, CO, NOx e NMVOC). No caso dos combustíveis de biomassa (lenha, carvão vegetal, álcool, bagaço), as emissões de CO2 não são incluídas aqui. Os combustíveis de origem renovável não geram emissões líquidas e as emissões associadas à parcela não renovável são incluídas no setor Mudança do Uso da Terra e Florestas.

 A1.1.2 Emissões fugitivas

Nesse setor são incluídas as emissões de gases de efeito estufa durante o processo de mineração, estocagem, processamento e transporte de carvão mineral e durante o processo de extração, transporte e processamento de petróleo e gás natural. As emissões associadas ao carvão mineral incluem a emissão de CH4 durante o processo de mineração e beneficiamento e as emissões de CO2 por combustão espontânea em pilhas de rejeito. As emissões associadas ao petróleo e ao gás natural incluem as fugas de CH4 durante a extração de petróleo e gás natural (venting), durante o transporte e distribuição em dutos e navios e durante seu processamento nas refinarias. São também consideradas as emissões de CO2 por combustão não útil (flaring) nas plataformas de extração de petróleo e gás natural e nas unidades de refinaria.

 A1.2 SETOR PROCESSOS INDUSTRIAIS

São estimadas nesse setor as emissões antrópicas resultantes dos processos produtivos nas indústrias e que não são resultado da queima de combustíveis, pois essas últimas são relatadas no setor Energia. Foram considerados os subsetores de produtos minerais, química, metalurgia, papel e celulose, alimentos e bebidas, e produção e utilização de HFC e SF6.

 A1.2.1 Produtos minerais

Nesse setor são incluídas as emissões de CO2 que ocorrem na produção de cimento e na produção da cal e na produção de vidro, bem como as emissões resultantes da produção e consumo de barrilha.

 A1.2.2 Indústria química

Neste setor foram inventariadas em destaque as emissões de CO2 resultantes da produção de amônia, as emissões de N2O que ocorrem durante a produção de ácido nítrico, e as emissões de N2O na produção de ácido adípico.

 A1.2.3 Indústria metalúrgica

Esse setor inclui a indústria siderúrgica e a indústria de ferroligas, onde ocorrem emissões de CO2 no processo de redução do minério de ferro, e a indústria do alumínio onde ocorrem emissões de PFC e CO2.

 A1.2.4 Produção e utilização de HFC e SF6

Durante a produção e utilização de HFC podem ocorrer emissões fugitivas. Também durante o processo produtivo de HCFC pode ocorrer produção secundária de HFC e sua conseqüente emissão. O SF6, outro gás de efeito estufa produzido apenas antropicamente, tem excelentes características para utilização em equipamentos elétricos de alta capacidade e desempenho. O Brasil não é produtor desse gás. Assim sendo, as emissões informadas devem-se apenas a vazamentos nos equipamentos instalados no país. O SF6 é também utilizado como gás de cobertura na produção de magnésio.

 A1.3 SETOR AGROPECUÁRIA

A agricultura e a pecuária são atividades econômicas de grande importância no Brasil. Devido à grande extensão de terras agricultáveis e disponíveis para pastagem, o país ocupa também um lugar de destaque no mundo quanto à produção desse setor. São vários os processos que resultam em emissões de gases de efeito estufa, descritos a seguir.

 A1.3.1 Fermentação entérica

A fermentação entérica dos animais ruminantes herbívoros, que faz parte da sua digestão, é uma das maiores fontes de emissão de CH4 no país. Dentre os diversos tipos de animais, destacam-se as emissões devidas ao rebanho bovino, que é o segundo maior no mundo.

 A1.3.2 Manejo de dejetos de animais

Os sistemas de manejo de dejetos de animais podem causar emissões de CH4 e N2O. A decomposição anaeróbia produz CH4, principalmente quando os dejetos são estocados em forma líquida.

 A1.3.3 Cultivo de arroz

O arroz, quando cultivado em campos inundados ou em áreas de várzea, é uma importante fonte de emissão de CH4. Isso ocorre em razão da decomposição anaeróbia de matéria orgânica presente na água. No Brasil, porém, a maior parte do arroz é produzida em áreas não inundadas, reduzindo a importância do setor nas emissões totais de CH4.

 A1.3.4 Queima de resíduos agrícolas

A queima de resíduos agrícolas, imperfeita por ser feita naturalmente no campo, produz emissões de CH4, N2O, NOx, CO e NMVOC. No Brasil, a prática de queima de resíduos agrícolas ocorre principalmente na cultura de cana-de-açúcar.

 A1.3.5 Emissões de N2O provenientes de solos agrícolas

A emissão de N2O em solos agrícolas decorre da aplicação de fertilizantes nitrogenados, tanto de origem sintética quanto animal, e da deposição de dejetos de animais em pastagem. Esse último processo não é considerado aplicação de fertilizante, já que não é intencional, porém, é o mais importante no Brasil devido à predominância da pecuária extensiva. Os resíduos vegetais deixados no campo, fonte de nitrogênio, e o processo de fixação biológica desse elemento que ocorre na cultura da soja, também são fontes de emissão de N2O. Ainda dentro deste setor enquadra-se o cultivo de solos orgânicos, que aumenta a mineralização da matéria orgânica e libera N2O.

 A1.4 SETOR MUDANÇA NO USO DA TERRA E FLORESTAS

A mudança no uso da terra resulta em perda ou ganho de carbono, seja na biomassa aérea como no solo. Diferentemente do primeiro Inventário onde foram consideradas apenas duas transições (a conversão de florestas para outros usos e a regeneração de áreas abandonadas) o segundo Inventário utiliza a metodologia mais detalhada do IPCC e considera todas as transições possíveis entre diversos usos (vegetação nativa, agricultura, pastagem, vegetação secundária, reflorestamento, área urbana, áreas alagadas e reservatórios e outros usos). Não são consideradas no presente informe as remoções de CO2 nas áreas de vegetação nativa que foram consideradas como não antrópicas. Esse critério conservador prejudica a comparação com outros países, pois diverge da diretriz do IPCC que recomenda a contabilização da remoção em toda área considerada manejada. Esta questão é extremamente relevante e deverá ser mais discutida durante o período de consolidação do Inventário. São também incluídas nesse setor as emissões de CO2 por aplicação de calcário em solos agrícolas.

 A1.5 SETOR TRATAMENTO DE RESÍDUOS

 A1.5.1 Disposição de resíduos sólidos

A disposição de resíduos sólidos propicia condições anaeróbias que geram CH4. O potencial de emissão de CH4 aumenta conforme as melhorias das condições de controle dos aterros e da profundidade dos lixões.

 A1.5.2 Tratamento de esgotos

Efluentes com um alto grau de conteúdo orgânico têm um grande potencial de emissões de CH4, em especial o esgoto doméstico e comercial, os efluentes da indústria de alimentos e bebidas e os da indústria de papel e celulose. As demais indústrias também contribuem para essas emissões, porém em menor grau. No caso dos esgotos domésticos, em função do conteúdo de nitrogênio na alimentação humana, ocorrem, ainda, emissões de N2O.

 Anexo 2: Emissões e remoções antrópicas de gases de efeito estufa em CO2eq

Emissões e remoções antrópicas de gases de efeito estufa em CO2eq (Detalhamento)

 

1990

1994

2000

2005

Variação 1990/ 2005

Part. 1990

Part. 2005

 

(Gg CO2 eq)

%

Energia

214922

256389

328089

362032

68

15,8

16,5

Queima de Combustíveis Fósseis

205563

247003

314449

343984

67

15,1

15,7

 Subsetor Energético

26094

34167

43794

52361

101

1,9

2,4

 Subsetor Industrial

67177

84252

107867

117755

75

4,9

5,4

  Indústria Siderúrgica

27537

39279

41594

47651

73

2,0

2,2

  Indústria Química

8661

9149

14098

14784

71

0,6

0,7

  Outras Indústrias

30979

35825

52176

55319

79

2,3

2,5

 Subsetor Transporte

83361

95175

125388

137479

65

6,1

6,3

  Transporte Aéreo

5877

6266

9508

7758

32

0,4

0,4

  Transporte Rodoviário

72400

84076

111702

124418

72

5,3

5,7

  Outros Meios de Transporte

5084

4832

4178

5303

4

0,4

0,2

 Subsetor Residencial

15834

16918

18662

17488

10

1,2

0,8

 Subsetor  Agricultura

10459

12893

14391

15240

46

0,8

0,7

 Outros Setores

2638

3597

4347

3660

39

0,2

0,2

Emissões Fugitivas

9359

9386

13641

18048

93

0,7

0,8

 Mineração de Carvão

2695

2245

3037

2821

5

0,2

0,1

 Extração e Transporte de Petróleo e Gás Natural

6664

7141

10603

15227

128

0,5

0,7

 Processos Industriais

26686

28776

34657

37097

39

2,0

1,7

  Produção de Cimento

11062

10086

16047

14349

30

0,8

0,7

  Produção de Cal

3688

4098

5008

5356

45

0,3

0,2

  Produção de Amônia

1683

1689

1663

1922

14

0,1

0,1

  Produção de Ácido Nítrico

504

669

632

718

42

0,0

0,0

  Produção de Ácido Adípico

2674

4338

5429

6290

135

0,2

0,3

Produção de Alumínio

3355

3760

2818

2594

-23

0,2

0,1

Outras Indústrias

1897

1725

2003

2056

8

0,1

0,1

Usode HFCs, PFCs e SF6

1823

2411

1057

3813

109

0,1

0,2

Agricultura

342073

373491

396171

480945

41

25,2

21,9

Fermentação Entérica

183386

195601

208310

252356

38

13,5

11,5

 Gado Bovino

174671

186862

201092

244837

40

12,9

11,1

  Gado de Leite

25198

26504

25153

29428

17

1,9

1,3

  Gado de Corte

149473

160358

175939

215409

44

11,0

9,8

 Outros Animais

8714

8740

7218

7519

-14

0,6

0,3

Manejo de Dejetos Animais

15332

16522

16924

19830

29

1,1

0,9

 Gado Bovino

6159

6556

6887

8283

34

0,5

0,4

  Gado de Leite

1246

1315

1166

1325

6

0,1

0,1

  Gado de Corte

4913

5241

5721

6958

42

0,4

0,3

 Suínos

7019

7382

6983

8015

14

0,5

0,4

 Aves

1659

2086

2632

3098

87

0,1

0,1

 Outros Animais

494

497

422

434

-12

0,0

0,0

Solos Agrícolas

134085

150596

161938

198206

48

9,9

9,0

 Animais em Pastagem

69584

73378

75616

89011

28

5,1

4,1

 Fertilizantes Sintéticos

4264

6435

9141

12062

183

0,3

0,5

 Dejetos de Animais

1284

1598

1984

2352

83

0,1

0,1

 Fixação Biológica

5208

6526

8591

13397

157

0,4

0,6

 Resíduos Agrícolas

11198

14438

15236

21245

90

0,8

1,0

 Solos Orgânicos

5052

6985

6660

6510

29

0,4

0,3

 Emissões Indiretas

37494

41235

44709

53628

43

2,8

2,4

Cultura de Arroz

5034

6060

5243

5652

12

0,4

0,3

Queima de Resíduos Agrícolas

4236

4711

3755

4901

16

0,3

0,2

Mudançano Uso da Terra e Florestas

746429

789534

1246968

1267889

70

55,0

57,7

Mudança no Uso da Terra

741325

780543

1238250

1260415

70

54,6

57,4

 Bioma Amazônia

447425

486642

757915

780079

74

33,0

35,5

 Bioma Cerrado

188679

188679

379239

379239

101

13,9

17,3

 Outros Biomas

105221

105221

101097

101097

-4

7,7

4,6

Aplicação de Calcário nos Solos

5103

8991

8717

7474

46

0,4

0,3

Tratamento de Resíduos

27661

31804

40720

48945

77

2,0

2,2

Lixo

15927

19181

24714

31131

95

1,2

1,4

Esgoto

11734

12623

16007

17814

52

0,9

0,8

 Industrial

2637

2715

4257

4996

89

0,2

0,2

 Doméstico

9097

9908

11750

12818

41

0,7

0,6

TOTAL

1357770

1479994

2046605

2196908

62

100,0

100,0

 

Integra do Inventário:
http://ecen.com/eee75/eee75p/inventario_emissoes_brasil.pdf

 


[1] E que a variação do estoque de biomassa como o das florestas é contabilizado separadamente.

 

Graphic Edition/Edição Gráfica:
MAK
Editoração Eletrônic
a

Revised/Revisado:
Tuesday, 25 October 2011
.

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