Economia & Energia
No 27-Julho-Agosto 2001   
ISSN 1518-2932

setae.gif (977 bytes) No 27 English Version  

Apoio: MCT

 

BUSCA

CORREIO

DADOS ECONÔMICOS

DOWNLOAD

e&e ANTERIORES

&e No 27

Página Principal

Faltam Investimentos e não é só em Energia

Planejamento Energético x Desenvolvimento Econômico e Social

Matriz Energética
Fatos Básicos

Módulo Setorial

Dívida  Pública e Reservas do Brasil

http://ecen.com

Vínculos e&e

Matriz Energética e de Emissões
http://ecen.com/matriz

Apoio:

Módulo Setorial Matriz Energética e de Emissões

Convênio  Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT e 
Economia e Energia - e&e - ONG No 01.0036.00/2000

Avaliação de Emissões de Gases Formadores do Efeito Estufa,
 Acoplado a uma Matriz Energética Nacional. 

Sinopse

A partir de dados históricos relativos à participação dos diversos setores da economia no PIB do Brasil, é feita uma projeção desta participação no ano 2020 em um cenário de referência para os Setores Agrícola, Industrial e de Serviço. A projeção é feita mediante uma curva de segundo grau ajustada ao comportamento histórico, acoplando-se o valor projetado com o último dado disponível com ajuda de uma curva integrada de Poisson.

Os dados históricos brasileiros são comparados com aqueles de alguns países da OECD.

1.      Introdução

O objetivo do módulo é projetar para o ano 2020 a participação dos macro-setores Agrícola, Industrial e Serviços no PIB para o Brasil, de acordo com o   cenário econômico de referência, cujas variáveis são apresentadas na Tabela 1 abaixo.

Tabela 1: Variáveis Econômicas do Cenário de Referência para o Ano 2020

Variável Unidade Valor % PIB 
PIB US$ bi 1994 1171  
Razão Capital/Produto

-

2,57  
Investimentos US$ bi 1994 281 24%
Balança Comercial US$ bi 1994 27 2,3%
Exportações BSNF(*) US$ bi 1994 107 9,14%
Importações BSNF(*) US$ bi 1994 80 6,8%
Transferências ao Exterior US$ bi 1994 15

1,3%

Consumo US$ bi 1994 875 74,6%
População Milhões hab. 202,6  
Consumo per capita  US$94/hab 4319  
PIB per capta 1000 US$94/hab 5780  

(*) Bens e Serviços Não Fatores da dívida externa

A projeção é feita a partir da extrapolação do comportamento histórico brasileiro desses setores, comparando-o com o observado em alguns países da OECD (cujos dados desagregados por setores encontravam-se disponíveis) para orientar a projeção dos cenários, e observando o que ocorre nos diversos estados brasileiros. Para projetar os valores da participação no PIB dos setores econômicos, utilizamos uma metodologia que visa permitir a formação de um consenso de especialistas. Também permite as análises, para fins econômicos, do consumo energético e das emissões dos gases geradores do efeito estufa para diversos cenários.

Nessa primeira etapa, considera-se ainda em separado a participação do Setor Energético (normalmente incluído na indústria) e da Atividade Transportes (parte do Setor Serviços) por sua importância no uso de energia. Note-se que na Estrutura do Balanço Energético Nacional (BEN/MME), energia é um Setor, o que não acontece com a estrutura do IBGE  - base de nossos dados para valores do PIB no Brasil. 

2.      Metodologia

Os valores estimados são a composição de uma projeção para o ano de 2020 da participação dos setores, ajustada ao comportamento histórico, mediante  uma curva de segundo grau que passa pelo  ponto do ano projetado. Como o ajuste a partir de uma curva de segundo grau só eventualmente passa pelo último dado conhecido, a projeção baseada nesse ajuste apresentaria uma descontinuidade na curva. Para evitar esse “salto” o acoplamento dos valore projetados com o último dado disponível é feito com a ajuda de uma curva integrada de Poisson cuja constante de tempo (em anos) pode ser escolhida. A descrição do programa (e seu funcionamento) é apresentado em Nota Técnica Anexa.

3.      Participação dos Macro-Setores no PIB

a) Setor Agrícola

Figura 1: Participação dos Setores no PIB a Preços Correntes no Brasil

A Figura 1 mostra que, no Brasil, de 1970 a 1986, a variação da participação dos setores  no produto, se restringia a um pequeno aumento do  produto industrial e uma ligeira queda do produto agrícola. Esse último ano corresponde:  no panorama internacional, ao choque de juros (queda na taxa de juros) e ao “choque frio” nos preços de petróleo; e, no Brasil, ao ano do Plano Cruzado, seguido, em razão de circunstâncias internas e externas, de uma tentativa de moratória brasileira.

A partir de 1986 houve uma mudança de patamar na participação dos serviços, de 50%  para pouco menos de 60%, e uma queda dos produtos agrícola e industrial. Grosso modo, podemos dizer que até 1986 tínhamos uma participação de 11%, de 38% e de 51% para os Setores Agrícola, Industrial e Serviços, respectivamente. Enquanto que, na segunda metade da década de noventa, passamos a patamares de 8%, de 33% e de 59%.

Deve-se notar que, no Brasil, na ótica de preços constantes, a participação da atividade agrícola manteve-se estável em torno de 11% (veja  Figura 2). Na Figura 1, mostramos os setores na forma desagregada para fins dos trabalhos da Matriz Energética. Esta  considera, em separado, os Setores Transporte (incluído em serviços) e o Energético (incluído em grande parte no setor Industrial pelo IBGE). O  total da participação de   Indústria + Energético no PIB, apresentado na figura abaixo, pode ser considerado, em primeira aproximação, como a participação do Setor Industria. Ressalta-se que uma parte do produto, atribuída ao Setor Energético, provém dos serviços de utilidade pública e é contabilizada como serviços na estrutura do IBGE.

 

Figura 2: Participação dos setores a preços constantes (IBGE, 1970 a 1990, e IBGE e SE/MME, 1991 a 1999)

A maior regularidade dos valores a preços constantes (ver Figura2) e sua melhor correlação com os dados de energia, como será visto posteriormente , tornam atrativo seu uso nas projeções energéticas. Existe uma dificuldade, no entanto, de manter, para o futuro, uma base coerente de dados já que o IBGE deixou de publicar  valores a base fixa. Esta abordagem também dificulta a comparação com outros países que usam a metodologia de preços correntes.[i]  Em alguns casos pode ser interessante a adoção de uma abordagem mista.

A participação do valor agregado pelo Setor Agrícola no PIB nos países da OCDE é visivelmente decrescente nas três últimas décadas. Devemos observar, no entanto, que mesmo um país de agricultura forte como os EUA,  já apresentava, em 1960, uma participação da agricultura no produto de apenas 4%. Em 1996, praticamente todos os países representados têm participação inferior a 4% do PIB.  A média desses países, em 1995, era de uma participação do produto agrícola no PIB de  2,9%. Este valor médio considera o total dos valores agregados na agricultura por esses países, dividido pela soma dos PIB desses países. Isso corresponde a uma média da participação da agricultura no produto, ponderada pelo PIB dos países.

No Brasil, podemos inferir, do comportamento da curva de participação do produto agrícola no PIB, a preços correntes e a preços constantes, que sua queda se deveu muito mais à queda nos preços correntes. Por sua vez, nos países da OCDE, sabe-se dos gigantescos subsídios, aplicados nas agriculturas européia e japonesa, que são objeto de questionamento constante nas discussões da Organização Mundial de Comércio - OMC. O Brasil vem argumentando, nas discussões preparatórias da Área de Livre Comércio das Américas – ALCA, que de cada dois dólares de rendimento do agricultor americano (dos EUA) um vem do subsídio.

Se o subsídio passou a ser regra nos países desenvolvidos, pode ser que, no horizonte de 20 anos desse trabalho, o livre mercado tenha alguma chance de se impor nestes países. O grande obstáculo à eliminação desse subsídio é que ele força para baixo os preços das importações agrícolas provenientes de outros países, principalmente, as do 3o mundo. Esse fato torna desvantajosa uma correção da política agrícola para os  países centrais.

Além disso, a forte organização interna do setor agrícola nesses países, a preocupação com o desemprego no setor e a consideração sobre a conveniência estratégica de não ser excessivamente dependente do exterior na produção de alimentos têm contribuído para a manutenção da política de subsídios à agricultura nos países desenvolvidos.

 

Figura 3a

 

Figura 3b:  A participação do Setor Agrícola no PIB é decrescente na maioria dos países desenvolvidos no período estudado.

Se tomarmos a participação da agricultura no ano de 1995 (para o qual pudemos considerar dados de vários países) teríamos para o Brasil: 7,9% em valores do IBGE a custo de fatores,  11,4% a preços fixos de 1980 (reconstituídos para a década de 1990[1]) e, 14%, considerando a paridade do poder de compra conforme dados do Relatório Anual do Banco Mundial de 1997.  

Não parece, pois, fora de propósito esperar, no país e no âmbito global, que a atividade agrícola volte a ter uma maior participação do PIB a preços correntes no futuro. Dependendo, é claro, de uma mudança nos fatores que determinam a atual política de subsídio dos produtos agrícolas nos países centrais. Os valores para os países da OCDE são a preços correntes.

 

Figuras 4: Participação do Setor Agropecuário no PIB. As UF aparecem ordenadas por ordem de PIB/hab.

A Figura 4 mostra a participação do Produto Agrícola (a preços correntes) nos diversos Estados brasileiros nos anos de 1996 e 1997 (IBGE - Contas Estaduais). Os estados aparecem ordenados por ordem de PIB/hab (representado no segundo eixo da Figura 4, ou seja, no seu lado direito) para o ano de 1997. A participação do produto agrícola no PIB não depende fortemente da renda per capita. No entanto, chama atenção que, no estado mais industrializado e o de maior renda per capita, São Paulo[2], a participação do produto agrícola no PIB era de apenas 4,4% em 1997.

A evolução da política de desenvolvimento regional pode contribuir para alterar a participação do produto agrícola no PIB. Como primeira aproximação estamos supondo, para o cenário de referência, uma participação (calculada com base em séries a preços correntes) de 7% no PIB em 2020.

b) Setor Industrial

Também o produto industrial teve sua participação no PIB reduzida na década de noventa em relação às duas décadas anteriores. Isto ocorre tanto em valores correntes como em valores constantes como pode ser observado nas Figuras 1 e 2.

A participação do Setor Industrial (a preços correntes) também tem caído na maioria dos  países desenvolvidos como mostram os gráficos das Figuras 5a e 5b.

 

Figuras 5a

 

Figura 5b

Figuras 5a e 5b: A participação da Indústria no PIB é decrescente no período na maioria dos países da OCDE

Para 1995, a média da participação do Setor Industrial no produto dos países da OCDE estudados (representados no gráfico) era de 30% para valores normalizados (Soma dos Produtos Industrial + Agrícola + Serviços = 100%).

Como o Brasil tem uma balança tradicionalmente deficitária de serviços não fatores da dívida (que são os computados nas transferências para o exterior das Contas Nacionais) o eventual excedente exportável deverá se originar do produto industrial ou agrícola. A projeção da participação desses setores deve considerar, do cenário macroeconômico de referência, a necessidade de gerar excedentes.

No futuro, em uma rodada automatizada poderemos considerar que produto industrial + agrícola projetado será, como primeira aproximação, a soma do superávit comercial projetado para 2020 com o produto industrial + agrícola necessário para sustentar uma balança comercial de saldo nulo. Como exemplo, se, em um quadro de balança comercial equilibrada, fosse projetada uma participação do setor agrícola de 7% e, industrial de 30% (soma 37%), então deveria ser estimada  uma participação desses dois setores de 39% para gerar um superávit comercial de 2%. Este acréscimo seria considerado mantendo a proporção produto agrícola/produto industrial

Sobre este aspecto deve-se observar que um país, como o Japão, fortemente exportador tem uma participação do setor industrial bastante superior a de um país fortemente importador como os EUA, conforme podemos observar na Figura 5a e 5b. Deve-se notar, a propósito, que a participação do produto agrícola nos dois países é de cerca de 2% do PIB não podendo haver uma participação expressiva, em percentuais do PIB, de gêneros agrícolas no comércio externo.

 Na Figura 6, está representada a participação do Setor Industrial no PIB nos países da OCDE a preços correntes. São mostrados os valores para a OCDE (média ponderada) e a média aritmética dos valores dos países. Deve-se notar que, para os primeiros e os últimos anos do período considerado, o número de países para os quais  se dispõe de valores é menor do que para os demais anos.

O comportamento relativamente regular das médias ponderada (onde influência dos EUA é realçada) não é muito diferente da média aritmética e mostra que a participação do Setor Industrial é decrescente nos países centrais.[3] Naturalmente, esta redução na participação tem um limite inferior que deverá se manifestar  com o tempo.

 

Figura 6: Participação do Setor Industrial no PIB dos países da OCDE. O valor indicado como média corresponde a média aritmética e é menos influenciado pela forte participação do EUA na OCDE (cerca da metade do PIB total).

c) Setor Serviços

 Nos países da OCDE e no Brasil, as menores participações (em valores correntes) dos Setores Industrial e Agrícola têm sido, historicamente, compensadas por uma maior participação no Setor Serviços. Do ponto de vista energético esse fato é relevante já que, a exceção do Transporte, os serviços têm uma baixa relação energia/produto. Na média, dos países da OCDE estudados, esta participação atingiu 67% em 1995. Em valores correntes a participação dos Serviços no PIB brasileiro se manteve em cerca de 58% nos últimos anos da década de noventa.

 

Figura 7: Participação, a preços correntes, dos Setores no PIB do Brasil.

 Na Figura 8a e 8b, mostramos a evolução da atividade de Transportes como parte do PIB para os países da OCDE. A participação do Transporte foi ligeiramente declinante ou estável em todos os países da OCDE estudados.

 Já a participação no PIB dos Serviços englobados nas atividades comercial e pública foi crescente em todos os países e passou a representar mais da metade do produto econômico computado a preços correntes como é mostrado nas Figuras 9a e 9b.

 

Figuras 8a  e 8b: A participação da atividade Transportes foi declinante ou estável nas últimas décadas para países da OCDE.

 

 

Figura 9a e 9b: A participação dos serviços comercial e público aumentou em todos os países da OCDE chegando, em alguns deles, a representar 70% do PIB.

 4.       Projeções

a) Preços Correntes

Na Figura 10, são mostradas as extrapolações dos dados da participação dos setores no produto, considerando os valores para 2020 da Tabela 2. Definido um cenário macroeconômico e as participações no PIB, coerentes com o cenário macro , é possível determinar o valor do produto para cada setor como é mostrado na Figura 11.

Tabela 2: Estrutura de Participação no PIB (preços correntes) histórica e extrapolada

 

1970

1995

1999

2000

2005

2010

2015

2020

Comércio e Outros

49.1%

53.6%

54.8%

54.7%

55.4%

56.0%

56.4%

56.5%

Transporte

3.5%

3.4%

3.4%

3.4%

3.8%

3.9%

3.9%

4.0%

Agropecuário

11.5%

8.5%

7.9%

7.8%

6.9%

6.7%

6.8%

7.0%

Indústria

33.5%

30.2%

29.2%

29.3%

29.3%

28.7%

28.3%

28.0%

Energético

2.4%

4.3%

4.7%

4.8%

4.7%

4.7%

4.6%

4.5%

Para completar o quadro efetivo, na classificação do IBGE, é necessário fazer alguma hipótese sobre a tributação indireta. No caso, foi suposta uma tributação igual à média dos 10 últimos anos disponíveis.

 

Figura 10: Extrapolação da participação, a preços correntes, no PIB do Brasil.

 

Figura 11: Valores do PIB/hab dentro do cenário considerado de crescimento. Vale assinalar que durante duas décadas, o produto industrial (e agrícola) per capita permaneceu estacionado.

Um procedimento similar será adotado, em relação ao produto industrial, para definir a participação das diversas atividades nesse setor.

b) Preços Constantes

Não obstante a estrutura a preços correntes apresentar as conveniências mencionadas anteriormente, pode ser útil, conforme já assinalamos, o uso da estrutura a preços constantes em aplicações, como a nossa, que procura vincular atividade econômica ao consumo de energia.

 Apresentamos, a seguir, a projeção alternativa da participação dos diferentes setores no produto a preços constantes. A metodologia é análoga à adotada para projeção a preços correntes. Para que possa haver uma correspondência em termos de participação relativa, é preciso haver um fator de transformação dependente dos preços relativos.

  O fator utilizado é a relação entre as participações a preços constantes e correntes. Para o ano de 1999, os fatores eram os indicados na Tabela 3. Teoricamente os valores para 1980 são iguais a 1.

 Tabela 3: Participação no PIB a Preços Correntes e Constates, 
valores para 1999 e projetados para 2020

 

Preços Correntes

Preços Constantes

Participação Relativa

 

1999

2020

1999

2020

1999

2020

Comércio e Outros

54.8%

56.5%

50.9%

52.1%

1.077

 

Transporte

3.4%

4.0%

4.5%

5.0%

1.084

1.077

Agropecuário

7.9%

7.0%

11.9%

10.4%

0.663

0.67

Indústria

29.2%

28.0%

28.1%

28.0%

1.038

1

Energético

4.7%

4.5%

4.6%

4.5%

1.010

1

Podemos, então, obter a evolução da participação do PIB a preços constantes, mostrada na Figura 12. Nela podemos ver uma participação no produto mais “bem comportada” que a mostrada na Figura 7 (a preços correntes) e, como conseqüência, de melhor previsibilidade.

 

Figura 12: Participação dos Setores no PIB a preços constantes.

 Estaremos usando, nesta etapa de trabalho, a transposição da estrutura a preços correntes para preços constantes supondo que a estrutura de preços não varie muito para 2020 em relação à de 1999. A metodologia adotada permite modificar facilmente esta hipótese de trabalho.

 Da aplicação dos ajustes nas duas participações independentemente, resulta que ao definir valores,  para o ano 2020, da participação preços correntes/ preços constante também estamos definindo a trajetória da evolução dessa participação e, conseqüentemente, a uma trajetória dos preços relativos que é mostrada na Figura 13 para nossa atual hipótese de trabalho.

 
Figura 13: Valores do Coeficiente Participação dos Setores no PIB a Preços Correntes/ Participação a Preços Constantes históricos e projetados para a hipótese de participação em 2020 como indicada na Tabela 3

Para os países da OCDE, observa-se também que a variação da participação a preços correntes e a preços constantes reflete um comportamento distinto na participação no PIB e menos variável quando usamos as séries a preços constantes. Mesmo não dispondo de uma série exatamente coincidente[4]  estamos representando, na Figura 14, o comportamento das participações dos Setores Agricultura, Indústria e Serviços.

 Os dados re-normalizados  para os anos de 1970 e 1995 são mostrados na Tabela 4. Podemos constatar que a maior parte da variação observada na participação dos setores é devida a mudanças dos preços relativos atribuídos aos produtos dos setores. É interessante realçar não somente a perda de participação atribuível a preços do Setor Agrícola como também no  Setor Industrial.

 Tabela 4: Variação na Participação dos Setores no PIB (países da OCDE)

Preços Constantes

Agricultura

Indústria

Serviços

1970

3.2%

33.4%

63.4%

1995

2.2%

29.5%

68.3%

Variação Atribuível ao Aumento de Produção Física

-1.0%

-4.0%

4.9%

Preços Correntes

Agricultura

Indústria

Serviços

1970

6.9%

40.6%

52.5%

1995

2.7%

28.0%

69.5%

Variação a Preços Correntes (total)

-4.2%

-12.8%

17,0%

Variação Atribuível a variação de Preços Relativos

-3.2%

-8.8%

12.1%

 

Figura 14: Participação no PIB da OCDE dos Setores de Serviços, Indústria e Agricultura (eixo secundário à direita)

Na Tabela 4 foi necessário as participações dos setores  para que a soma atingisse 100% (diferenças inferiores a 2%) por não se dispor de dados inteiramente coerentes tanto a preços correntes como a preços constantes[5].

5.      Uso dos Resultados Setoriais

 Nossa metodologia usa a avaliação da energia equivalente em cada setor a partir da evolução dos coeficientes energia/produto. A distribuição do consumo em energia equivalente pelas diversas fontes de energia finais possibilita a projeção do consumo de energia final (usando os coeficientes que refletem a eficiência relativa dos energéticos) para cada setor.

 O uso dos coeficientes de emissão relativos às diversas fontes de energia final e as hipóteses de distribuição de fontes primárias e de eficiência no processo de transformação (principalmente na geração de eletricidade) permite obter os coeficientes de emissão por setor.

Apresentaremos os resultados para os diversos setores nos próximos números da e&e.

 Projeto: Fornecimento de Instrumentos de Avaliação de Emissões de Gases Formadores do Efeito Estufa, Acoplado a uma Matriz Energética Nacional.Executor: Economia & Energia - ONG   Relatório da 3 a Meta : Módulo Setorial  Coordenador : Carlos Augusto Feu Alvim  Equipe Técnica;Carlos Feu Alvim Aumara Feu (*) Eduardo Marques Frida Eidelman Omar Campos Ferreira Othon Luiz Pinheiro da Silva         
(*) Parte da análise de dados setoriais faz parte do Trabalho de Tese de Doutorado de Aumara Feu em curso no Departamento de Economia da Universidade de Brasília.


[1] A série a preços constante (base de 1980) para a década de 90 foi reconstituída tendo em vista a mudança de metodologia das Contas Nacionais do IBGE que, seguindo o Sistema de Contas Nacionais (1993) das Nações Unidas, mudou o cômputo da série a preços constantes de base fixa (1980) para base móvel do ano anterior.   Retornar

[2] O Distrito Federal - DF,  com o maior valor de PIB/hab, não é nem deve ser considerado para fins de estatísticas econômicas, como um Estado. Os dados da Unidade Federada, também, não correspondem ao de uma aglomeração urbana pelo fato de boa parte da população  vinculada economicamente ao DF viver fora dos seus limites.  Retornar

[3] Ressalta-se que seria interessante apurar a influência, na participação dos setores no produto, de dois fatores: dos preços relativos (pode ser verificada usando-se a série a preços constantes); e, da transferência de atividades computadas na indústria e que, pela terceirização, passam a serem computadas no setor serviços. Os serviços de contabilidade, limpeza e vigilância são exemplos de atividades que podem passar de uma classificação a outra pela terceirização. Os comportamentos, para o Brasil, da participação na indústria, a preços constantes e correntes, mostram que a influência dos preços relativos é um fator importante na evolução da participação dos três grandes setores da economia estudados.  Retornar

[4] A soma não inclui a Alemanha Ocidental e os Países Baixos. No PIB corrente por setor, faltam dados a partir de 1994 para o Canadá, a partir de 1995 para a Suécia e para 1996 para a Dinamarca. Já para os preços constantes faltam dados para a Suécia a partir de 1995 e para a Dinamarca em 1996.   Retornar

[5] A soma da  participação agricultura + serviço + indústria por setor não dá 100% em alguns países, porque o setor "não específico" não foi incorporado em nenhum dos três setores agregados (agricultura, serviço e indústria).  Retornar

[i] Existem, como pode ser visto nas publicações especializadas (ver Seminário do IBGE) boas razões para abandonar a abordagem a preços constantes. Uma delas é que os produtos mudam sua natureza. Seria, por exemplo, muito difícil comparar um torno automatizado do ano 2000 com um torno produzido nos anos oitenta ou setenta. Como comparar um microcomputador produzido no ano de 1980 com um do ano 1990 ou 2000? Este não é, no entanto, o problema do setor agrícola que é objeto de preocupação especial nesse trabalho.

Outra razão seria a mudança metodológica no cômputo das séries a preços constantes de base fixa para base móvel referente ao ano anterior.  Os preços com base móvel no ano anterior são um sucedâneo vantajoso para a base fixa, mas não são diretamente comparáveis. Na base fixa cada produto é tomado com seu preço no ano base (nas Contas Nacionais usava-se o ano de 1980 como ano base). Na nova metodologia, a produção de cada setor é considerada em função dos preços do ano anterior. Para cada setor é composto um índice cuja ponderação variável leva em conta a participação do produto no ano medido e os preços no ano anterior. Em virtude desta metodologia gera-se um produto com base no ano anterior cuja soma das partes pode diferir do PIB apurado. Este  é estimada de acordo com um índice geral baseado na produção em valores correntes corrigida de um deflator geral de preços.

No caso da balança de bens e serviços (transferências para o exterior) já existia um problema semelhante que era contornado com uma parcela que considerava as diferenças de preços internos e externos. Em valores percentuais do PIB foi gerada, no final da década de oitenta e início da de noventa, uma discrepância em vários pontos percentuais em um comércio exterior da ordem de 8% do PIB.  É interessante assinalar que quando foi abandonado o sistema de base fixa (1991) as profundas mudanças nos preços no comércio exterior (perdas nas relações de troca) faziam que tivéssemos no Brasil um superávit na Balança Comercial na base fixa e déficit a preços correntes.

Sobre a mudança de base fixa para móvel transcrevemos as observações da Publicação do IBGE Sistema de Contas Nacionais do Brasil, PIB Resultado Anual Preliminar de 1999 e Resultados Trimestrais de 2000: “esta mudança traz como vantagem o uso de estruturas de ponderação atualizadas que incorporam não só os movimentos dos volumes transacionados mas, também, as variações nos preços, o que é ignorado quando se adota uma base fixa em um ano. Em contrapartida, quando há a necessidade de se encadear uma série com a base fixada em um ano não mais se observa a propriedade de aditividade, ou seja, uma variável agregada não mais pode ser obtida da combinação de seus componentes”.    retornar

Graphic Edition/Edição Gráfica:
MAK
Editoração Eletrônic
a

Revised/Revisado:
Wednesday, 15 June 2011
.

Contador de visitas